A Falácia da Reserva de Emergência 

Não tenho como foco a análise técnica, nem tampouco a observação dos fundamentos do investimento em ações. Embora os utilize como parâmetro, definitivamente esta não é a minha praia!

Meu negócio é o comportamento do investidor e o direcionamento para uma boa gestão de suas finanças pessoais.

E uma das minhas preocupações recorrentes é com a montagem de uma reserva de emergência, transformada num bicho de sete cabeças por todo analista financeiro.

Quase todos, sem exceção recomendam que sua montagem seja feita, sem envolver ativos de renda variável como ações. Falam em caderneta de poupança, tesouro direto, CDB's diários, e outros.

Mas por que não o investimento em ações? Pelas oscilações que estão sujeitas ao longo do tempo, envolvendo riscos inesperados, e principalmente por seu tempo de resgate.

Da mesma forma que dizer que o pagamento de dividendos garante renda, dizer que ações não garantem o uso numa emergência é uma grande bobagem.

E quando falo de 'ações', me refiro tambem aos ETFs e aos chamados 'fundos de fundos', disponíveis em cotas de aplicação.

Se a emergência acontecer é só vender o todo ou fração dos papéis (ou cotas), e pronto.

Cobrir um saque de 2 dias, ou ter disponível o numerário de imediato para fazê-lo, atualmente não é nenhum bicho de sete cabeças para quem viva em sociedade. Bancos dão cobertura, alguns gratuitamente, para quem tem uma conta.

Mais importante do que pensar no tempo, é ter o ativo para cobrir o imediatismo da urgência de um empréstimo ou adiantamento.

Em minhas tutorias e monitorias recomendo inclusive que, para o pequeno investidor, 'reserva de emergência' e 'reserva de oportunidade' se confundam, sejam a mesma coisa, no caso do investimento direto em ações. Ambas são valores com visão no curto prazo, e como tal tem de ser vistos.

Se ao invés de dizer que a pessoa que tem 2, 3, 5 mil reais guardados deixe de lado o investimento em renda variável para se deter apenas na emergência, a educação financeira deveria ensinar ao pequeno poupador a melhor e mais garantida maneira de fazê-lo, e é isso que vimos tentando fazer.

Para mim a recomendação de manter uma reserva de emergência em investimentos de risco zero só deveria valer para aqueles que têm bons salários e detêm grandes fundos para aplicação.

Ao Zé Ninguém, aquele para quem a sobrevivência já é um grande risco, a aposta de que o seu investimento é uma "reserva de emergência", já está dada.

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